“Em vez de aceitar os pais como são, os filhos às vezes costumam avaliá-los como se os pais devessem merecer o direito de ser pais. Dizem, com efeito: “Não gosto disso em você; portanto você não é meu pai.” Ou:”Você não me deu aquilo de que eu necessitava; portanto não pode ser minha mãe”. Essa é uma distorção absurda da realidade. Os pais se tornam pais pelos eventos da concepção e do nascimento, e bastam esses atos para o que sejam. Os filhos não podem mudar absolutamente nada nesse primeiro ato de dar e receber.
Os filhos adquirem segurança interior e sentido claro de identidade quando aceitam e reconhecem ambos os pais como são. Sentem-se incompletos e vazios quando excluem um deles, ou ambos, de seus corações. A conseqüência da exclusão ou desprezo de qualquer um dos pais é a mesma: os filhos se tornam passivos e se sentem inúteis. Eis uma causa bastante comum de depressão.
Mesmo que tenham sido magoados pelos pais, os filhos ainda podem dizer: “Sim, vocês são meus pais. Tudo o que esteve em vocês está também em mim. Reconheço-os como pais e aceito as conseqüências disso. Fico com a parte boa do que me deram e deixo-lhes a tarefa de enfrentar o destino de vocês como bem entenderem”. Então estão livres para encetar a obra tantas vezes difícil de tirar o melhor de uma situação ruim.”
Bert Hellinger