Do velho ao bom amor, 12 pontos de Joan Garriga

Viver o amor a dois é uma das coisas mais maravilhosas – e mais desafiadoras – da vida. Há que ser ter as raizes bem nutridas, plantadas no chão e a disponibilidade para a troca, com equilíbrio no dar e no receber, entre adultos. O psicólogo e constelador espanhol Joan Garriga nos ajuda a compreender essa temática e nos propõe uma reflexão de quais seriam as nossas crenças de amor infantil e como ressignificá-las, para um amor real e maduro.

“Do velho ao bom amor: 12 regras de ouro para viver como casal hoje”.

Por Joan Garriga (tradução do artigo disponível no site www.joangarriga.com)

1. SEM VOCÊ NÃO PODERIA VIVER / SEM VOCÊ TAMBÉM IRIA BEM.

Somos dois adultos que estão em pé, e não duas crianças procurando por seus pais. Sem você, eu também ficaria bem, mas estou feliz que meu coração esteja com você e que estamos juntos.

2. EU TE AMO POR VOCÊ MESMO / EU TE AMO POR VOCÊ MESMO… BOM, APESAR DE VOCÊ MESMO

É um grande presente amar as sombras um do outro, seu ego, suas dificuldades e ter compaixão por isso, porque isso significa que somos capazes de reconhecer o outro membro do relacionamento em sua realidade mais sombria. O casal é um campo de crescimento em que se vai limando as asperezas do ego graças ao fato de que o amor compartilhado é capaz de suportá-las.

3. FAÇA-ME FELIZ / SINTO O DESEJO ESPONTÂNEO DE QUE SEJAS FELIZ

O casal não foi projetado para nos dar felicidade, embora, se soubermos combinar todas as suas dimensões, experimentamos algo que está próximo da felicidade. Sentimos que pertencemos a alguma coisa, que criamos uma intimidade, um vínculo e que construímos caminhos de vida.

4. QUERO UM CASAL / MELHOR, ME PREPARO PARA SER UM(A) PARCEIRO(A)

O excesso de “eu” e a individualidade sobre o sentido de “nós” tornam o casal um campo incrível de liberdade e, ao mesmo tempo, nos expõe a cada vez mais solidão e incerteza. Ambas as coisas ao mesmo tempo. Se você deseja ter um parceiro, trabalhe dentro de si para encontrar seu próprio tom e maneira de ser um parceiro ou parceira, e o restante será dado a você.

5. TE DOU TUDO / MELHOR, TE DOU O QUE MANTÉM NO MESMO NÍVEL QUE VOCÊ

O casal é um relacionamento de igualdade no qual devemos garantir que haja uma troca equilibrada e justa para preservar a paridade/igualdader. Dar muito pode gerar um sentimento de dívida no outro e diminuí-lo. Melhor dar o que o outro pode retornar de alguma forma, pois com a troca fértil a felicidade cresce.

6. DÊ-ME TUDO / DÊ-ME O QUE TENHA E É E QUE EU POSSA COMPENSAR, PARA MANTER MINHA DIGNIDADE

Quando alguém em um relacionamento pede tudo do outro, devemos suspeitar de duas coisas: a primeira, que essa pessoa é criança e a segunda, que essa pessoa certamente não vai tomar e apreciar o que é dado, porque está ancorada em um roteiro interior de insatisfação nutrido pela demanda que, apesar de atendido, não é satisfeito. Melhor a troca positiva e gratificante à troca negativa e prejudicial.

7. DESEJO QUE SEJA INTENSO E EMOCIONAL / DESEJO QUE SEJA FÁCIL

Alguns relacionamentos fluem com leveza e facilidade, eles não se atritam. São o resultado do encontro de duas naturezas que se harmonizam sem grandes desencaixes. Outras vezes, tudo é difícil, apesar do amor. Quando um relacionamento é intenso e emocional, muitas vezes se torna desvitalizante. De fato, as grandes turbulências emocionais e os exaustivos e fatais jogos psicológicos têm a ver com reminiscências de feridas infantis e velhos anseios não realizados.

8. LUTO PELO PODER / COOPERAMOS

Muitos séculos de luta e sofrimento entre homens e mulheres nos chamam a uma reconciliação. É maravilhoso quando, no casal, os dois sentem dentro de si, verdadeiramente, de coração, que não há melhor ou pior e que andam juntos. Não um acima e outro abaixo, nem um à frente e outro por detrás. Cooperam. Eles são companheiros, amigos, irmãos, amantes e parceiros. Um e um são mais de dois. No mais profundo, as mulheres tendem a se sentir melhores que os homens – de acordo com minhas estatísticas -, mas as mais inteligentes garantem que seus parceiros não se dêem conta disso.

9. EU PENSO, VOCÊ SENTE E DIANTE DO QUE FOR DIFÍCIL, SALVE-SE QUEM PUDER / RIMOS E CHORAMOS JUNTOS E JUNTOS NOS ABRIMOS À ALEGRIA E À DOR

Os casais enfrentam em seu processo vital questões que em algum momento machucam: filhos que não vem, abortos, mortes ou doenças de entes queridos, flutuações econômicas e existenciais. São questões que testam a capacidade de resistência do casal e que o fortalecem ou o colapsam e colocam nele ressentimentos e quilômetros de distância.

10. QUE SEJA PARA SEMPRE / QUE DURE O QUE DURE

Entrar no amor de casal também significa se tornar um candidato à dor de um possível fim. Hoje em dia se fala de monogamia seqüencial, ou seja, estatisticamente, podemos esperar que tenhamos entre três e quatro relações afetivas ao longo de nossas vidas, com o consequente estresse e trânsitos emocionais complexos que isso implica. Quando não há um contrato institucional envolvido, temos a oportunidade de criar o casal todos os dias, à nossa maneira e viver o que nos permite. Se o fim chegar, aprendemos a linguagem da dor, da leveza e do desapego e, depois, voltaremos novamente à pista do amor e da vida.

11. PRIMEIROS MEUS PAIS OU NOSSOS FILHOS E ENTÃO VOCÊ / PRIMEIRO NÓS, ANTES DE NOSSAS FAMÍLIAS DE ORIGEM E DOS NOSSOS FILHOS EM COMUM

É importante saber que o amor se desenvolve melhor nos universos de relacionamentos ordenados: que os pais sejam pais e que os filhos sejam filhos, que o casal que foi criado (que pode incluir filhos de relacionamentos anteriores) tem prioridade sobre os parceiros anteriores ou frente às famílias de origem. Algumas pessoas dão mais importância aos filhos em comum do que ao casal, o que acaba gerando desconforto em todos. Ajuda que o passado seja honrado e construa um bom presente e um bom futuro. Um casal posterior deve saber que é mais provável que ocupem um bom lugar se assumirem que os filhos de seu parceiro vieram antes e respeitarem sua prioridade.

12. TE CONHEÇO / CADA DIA TE VEJO E TE RECONHEÇO DE NOVO

Alguns casais não se relacionam com a pessoa que eles têm ao lado deles, mas com as imagens internas que foram formadas dessa pessoa ao longo do tempo. Eles vivem no passado e se esquecem de se atualizar a cada dia. Para evitá-lo, ajuda, e muito, abrir a percepção a cada instante novo e não tomar a outra pessoa como conhecida. O outro se ilumina quando o reconhecemos e o descobrimos como novo, e assim também nos tornamos novos e jovens.

Joan Garriga
Março 2013

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